23/04/2015

A notícia de jornal que virou música

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Sabe a música ''Conversa de Botas Batidas'', do Los Hermanos? Aqui está a matéria de jornal que a inspirou. Sim, uma bela história de amor, baseada em fatos bem reais.

"O desabamento do prédio 55 da Rua do Rosário, no Centro, na quarta-feira, revelou um romance proibido e levou a tragédia para duas famílias. Eles não eram casados, mas ficaram juntos até que a morte os separou. Únicas vítimas da tragédia, o professor Rui Diniz, 71 anos, e Maria das Graças Mendes Rocha, 48, funcionária da Caixa Econômica Federal, mantinham namoro secreto. Seus corpos, nus e deitados sobre restos de cama do Hotel Linda do Rosário, foram retirados dos escombros na madrugada de ontem, após mais de cinco horas de trabalho dos bombeiros e da Defesa Civil. Maria das Graças era casada com o aposentado Pedro Rocha há mais de 20 anos. Rui vivia com sua mulher, Léia Diniz, há 34. Em meio à dor, a ameaça do constrangimento: por pouco, as duas famílias não se encontraram no saguão do Instituto Médico-legal, onde foram reconhecer os corpos de seus parentes. Ronaldo Teixeira da Silva, 44 anos, que se apresentou como filho de Rui, não quis confirmar que o professor e Maria das Graças estavam juntos na hora do desabamento. 'Ninguém sabe se isso é verdade. Não vou falar nada antes que tudo o que estão dizendo seja provado', afirmou. Segundo o IML, Rui tinha problemas de coração e havia passado por cirurgia há oito meses. A distância que separava os dois – o professor morava no Méier, e Maria das Graças, no bairro Porto Novo, em São Gonçalo – continuou até na despedida, no mesmo horário. Às 16h, Rui Diniz foi enterrado no cemitério São João Batista, em Botafogo, e Maria das Graças, no cemitério de São Gonçalo. A viúva de Diniz, Léia, precisou ser amparada por parentes, que disseram que a família não tinha qualquer conhecimento sobre o namoro."

Era um prédio de cinco andares que caiu na tarde do dia 25 de setembro de 2002. 
 
''Esse é só o começo do fim da nossa vida/ 
Deixa chegar o sonho, prepara uma avenida/ 
Que a gente vai passar”

''O porteiro do Linda Rosário, Raimundo Barbosa de Melo, de 37 anos, estava com a mulher na recepção do hotel e, ao som do primeiro estampido, avisou aos demais funcionários que saíssem do prédio imediatamente. No momento em que descia a escada, lembrou das duas pessoas que ocupavam um quarto. ‘Interfonei e cheguei a bater na porta, mas não responderam’, contou.''

"Deixa o moço bater, que eu cansei da nossa fuga."  

As circunstâncias dessa relação inspiraram Marcelo Camelo a compor “Conversa de Botas Batidas”, faixa 11 do álbum Ventura, do Los Hermanos. Em declaração dada à revista Zero, Camelo descreveu a canção com estas palavras:

''Uma divagação sobre uma situação real. Um senhor e uma senhora morreram num desabamento aqui no Rio, e eles eram amantes. A música é como se fosse uma conversa deles antes de o prédio desabar.''

''Diz quem é maior que o amor?/ 
Me abraça forte agora, que é chegada a nossa hora/ 
Vem, vamos além.'' 

Ouça aqui ''Conversa de Botas Batidas'':


*Fontes: Pensar Enlouquece/ Estadão/ Terra/ O Dia

Por: Bea

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